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Profissionais de saúde, professores e comunidade debatem suicídio e discutem estratégias de prevenção
Proporcionar momentos de aprendizagem, debate e reflexão, analisando estratégias de prevenção do suicídio mas também de intervenção em comportamentos suicidários, é o objetivo do 2º simpósio sobre Saúde Mental, que arrancou esta terça-feira, 10, no Auditório Municipal da Casa da Música em Óbidos, e que termina no próximo dia 14 de setembro, sob o tema “Muralhas, Pontes e Aquedutos”.
Numa iniciativa do Serviço de Psicologia do Município de Óbidos e da Unidade de Cuidados na Comunidade de Caldas da Rainha e Óbidos, este encontro juntou, no Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, dezenas de profissionais de saúde, de educação, e de outras áreas sociais e humanas, em torno de um tema tão atual quanto preocupante, e que exige discussão e conhecimento.
Na sessão de abertura do evento, Filipe Daniel, presidente da Câmara Municipal de Óbidos, reforçou a importância deste segundo simpósio, cuja primeira edição surgiu por proposta do município. “Sempre considerámos que a reflexão sobre o tema da Saúde Mental era importante mas no período pós-pandemia, sentimos que os problemas se intensificaram e que a necessidade se impunha”.
“A analogia do tema do simpósio ao património edificado de Óbidos - muralhas, pontes e aquedutos - pode representar também aquilo que é a transferência de conhecimento, fundamental para respondermos melhor, enquanto comunidade, a este fenómeno”. “Sentimos que é necessário fazer o correto diagnóstico de situações de risco (de suicídio). É uma responsabilidade de todos. Não podemos simplesmente ignorar os sinais que nos vão sendo transmitidos, devendo atuar em conformidade", notou.
O Município de Óbidos e a promoção da Saúde Mental
Margarida Reis, vereadora com o pelouro da Saúde e Bem-Estar, explicou que o Município de Óbidos tem vindo a trabalhar em várias frentes, ao longo dos últimos anos, em matéria de promoção da saúde mental.
Um trabalho conjunto, articulado, e que tem envolvido várias equipas de profissionais de diferentes áreas, assim como entidades e instituições parceiras. “Este trabalho que nos junta tem de ser, de facto, muito eficiente e conjunto. Se assim não for, dificilmente avançaremos”.
No terreno, o município conta com a intervenção do Serviço de Psicologia, com consultas gratuitas, desenvolvendo ações de intervenção grupal, “um trabalho muito necessário”, salientou a vereadora.
Em paralelo, tem em marcha vários projetos de promoção da Saúde Mental - como é o caso do programa Óbidos +Saúde, do Festival Óbidos +Ativo, ou do Simpósio de Saúde Mental - para além de um conjunto de pontes que o município ativou, e que têm permitido reforçar respostas e agir no terreno (Segurança Social, Serviço de Coesão Social, Direção Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Juntas de Freguesia, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, Hospitais, Centros de Saúde, entre outros).
Foi ainda criado o Espaço F (de Felicidade), onde funciona uma Sala Snoezelen, pensada para trabalhar a Saúde Mental através da arte, e que acompanha crianças, famílias, centros de Melhor Idade, entre muitos outros públicos.
Aumentar a literacia em Saúde Mental
Uma das estratégias apontadas esta terça-feira por profissionais de Saúde para confrontar o flagelo do suicídio refere-se ao reforço da literacia nesta área. “Todos nós sabemos que o suicídio é um problema real, que temos a obrigação de combater”, começou por dizer a enfermeira diretora Lurdes Ponciano, representante da ULSO - Unidade Local de Saúde do Oeste, no arranque do simpósio.
“O aumento da literacia em saúde mental é uma das estratégias” a reforçar, estratégia esta que “já está a dar os seus frutos”, no capítulo da prevenção do suicídio. “O que é preciso? Investir, desconstruir os mitos, os aquedutos, e construir as pontes”.
Rosa Simões, enfermeira e presidente do Colégio da Especialidade de Saúde Mental e Psiquiátrica, defendeu ainda que o envolvimento, de uma forma integrada, de profissionais de saúde, professores e população em geral, é basilar. “Temos de falar sobre o tema, de desconstruir mitos, de conhecer o fenómeno, que é completo e multi-determinado”, notou.
Segundo defende, “o suicídio é evitável”. “As crises suicidárias são muito ambivalentes”, devendo “usar-se tudo o que é positivo (fatores de proteção) para ajudar a pessoa a seguir em frente”.
Projeto “Mais Contigo”
Na ocasião, as enfermeiras Rosa Simões e Vera Leal apresentaram o projeto “Mais Contigo”, um programa de promoção da saúde mental e prevenção de comportamentos suicidários em meio escolar.
Promovido pela ESEnfC e pela Administração Regional de Saúde do Centro, o “Mais Contigo” já envolveu cerca de “60 mil alunos, de 965 escolas de todos os distritos do país, incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira”, lê-se no site do SNS.
Este projeto trabalha aspetos como “o estigma em saúde mental, o autoconceito e a capacidade de resolução de problemas, devidamente enquadrados na fase da adolescência”. “É reconhecido como boa prática pela Direção-Geral da Saúde e pelo ICN - Conselho Internacional de Enfermeiros”.
O 2º Simpósio sobre Saúde Mental prossegue dia 14 de setembro. Para este dia, estão reservados vários workshops, a terem lugar em quatro espaços distintos: CDI - Centro de Design de Interiores, Casa Saramago, Museu Municipal e Museu Abílio de Mattos e Silva.