Salas Emblemáticas
Convento de São Miguel de Gaeiras
Igreja de S. Miguel
A Igreja, dedicada a S. Miguel, é um edifício de planta rectangular. Apresenta, aberta na fachada, uma galilé assente em duas colunas toscanas e grandes cunhais terminando em fogaréus que formam o alpendre. A ladear o portal, existiam dois nichos com azulejos, figurando no da direita, S. João Baptista e no da esquerda (ainda existente) uma alegoria aos frades capuchos, nomeadamente, um monge mendicante, com cadeado na boca, olhos vendados e fechadura no coração, com a legenda “Tipus Religiones”. Os cunhais são em cantaria toscamente almofadada. Na frontaria, sobrepujante ao janelão do coro, estão representados em painéis de azulejos, S. Roque e S. Benedicto e no centro encontra-se um nicho ornado com uma escultura setecentista do Arcanjo S. Miguel.
O Interior da Igreja é de uma só nave, comunicando com a capela-mor através de um arco triunfal. Este apresenta dois tipos de decoração: o interior imita embrechados florentinos de gosto “proto-barroco” e peninsular e sobre este, existe uma decoração típica da segunda metade do séc. XVIII, também pintada e representando aplicações em talha e flores.
A Igreja é coberta por uma abóbada caiada e revestida por um silhar de azulejos azuis e brancos, com diversas representações de cenas hagiográficas e bíblicas, apresentando dois retábulos colaterais em talha seiscentista e um retábulo-mor em talha dourada e policromada do período Joanino (da segunda metade do séc. XVII e do segundo quartel do XVIII).
As telas de André Reinoso pertencem aos altares colaterais e ao altar principal e representam S. Miguel Arcanjo, O Milagre da Porciúncula e a Deposição de Cristo no Túmulo (ou Lamentação), obras de grande importância no contexto da História da Arte, datadas de cerca de 1630.
Sobre o arco triunfal existe uma pedra d’armas com o brasão dos padroeiros e existiu uma tela representando, provavelmente, Nossa Senhora com o Menino. No centro da abóbada de berço da capela-mor, existiu uma pintura mural, provavelmente do séc. XVIII.
Portaria
A portaria situa-se na ala sul do Convento. Serve de acesso directo à galilé da Igreja e é um dos espaços mais relevantes do edifício. Apresenta dois vãos profundos, onde se representava em terracota, a “Morte de S. Francisco” e um outro tema, hoje desconhecido. Para além destes vãos, a portaria apresenta também, uma edícula lavrada em cantaria e seis frontões de remate sobre as portas, lavrados em pedra branca e representando feições, todas elas diferentes e emolduradas por um aconcheado. Esta divisão contém também um painél de azulejos.
Sacristia Maior
A sacristia maior do Convento, surge na altura da campanha de obras ocorrida no último quartel do séc. XVII, no Convento de S. Miguel. Esta sacristia apresenta um retábulo em terracota, composto por três edículas. A central, de maiores dimensões, deveria apresentar uma imagem de Cristo crucificado.
Esta sacristia apresenta um retábulo em terracota, composto por três edículas. A central, de maiores dimensões, deveria apresentar uma imagem de Cristo crucificado. Os nichos são emoldurados com uma decoração vegetalista, ladeados de quatro colunas salomónicas sobre as quais assenta um friso recto e, ao centro, um arco de volta perfeita, de acabamento semelhante ao fuste das colunas. Aos extremos existiam duas imagens em alto relevo, das quais só resta parte da do lado direito, representando Santa Clara, a outra representaria S. Francisco ou S. Bernardo.
Todo o fundo é, também, decorado em relevo com motivos vegetalistas. No tecto desta sacristia observa-se ainda uma pintura mural, representando um medalhão redondo, emoldurado com folhagens douradas e volutas, no centro do qual está representada uma coroa real fechada.
Sacristia Menor
A sacristia menor do Convento, data da época da fundação do Convento de S. Miguel.
Esta sacristia apresenta um retábulo de relevos policromos em massa, composto por três edículas. Na central, ligeiramente maior, está uma cruz no Golgotá, no lado direito, Santa Maria Madalena ajoelhada e, do lado oposto, uma âmbula de óleos, o fundo representa a cidade de Jerusalém. As edículas laterais apresentam a parte superior decorada com duas conchas, não existindo actualmente as imagens de vulto que lhes estavam destinadas. Uniformizando este conjunto existem também quatro balaústres ladeando as edículas, bem como uma molduração das mesmas com enrolamentos ao gosto maneirista. Encimando o nicho central, estão as armas franciscanas, dois braços cruzados e uma cruz, segurando nas mãos folhas de palma, símbolo do martírio. Sob as armas partem duas cordas franciscanas, com nós, servindo de remate junto às edículas laterais.