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“Há o Natal, há a Páscoa e há o FOLIO”
O ministro da Educação, João Costa, destacou hoje, dia 15, a importância do festival literário internacional de Óbidos como “lugar de diálogo e de promoção da democracia”. “Há o Natal, há a Páscoa e há o FOLIO. Estar no FOLIO é inquietar-nos e enfrentar os desafios”, afirmou, na sessão de encerramento do “Seminário Internacional Riscos da Educação”, que decorreu na Casa da Música.
“É o meu oitavo FOLIO, embora nos primeiros anos tenha vindo como linguista. É uma alegria vir aqui a este espaço de diálogo e de debate”, disse o ministro da Educação. A propósito do tema desta edição, alertou para alguns riscos da contemporaneidade, como achar que os alunos não vão conseguir, e referiu o “efeito pigmaleão na educação”, quando as crianças têm contacto com livros no pré-escolar.
“Apesar de todas as dificuldades, vamos conseguindo. É uma subida lenta, que nos mostra que não há resultados imediatos na educação, pelo que temos de continuar e resistir”, sublinhou o titular da pasta da Educação.
Alertou ainda para o risco do imediatismo, numa “sociedade acelerada”, em que a falta de resposta imediata dos telemóveis gera “irritabilidade”. “O imediato prejudica a qualidade da aprendizagem e da democracia”, assegurou. Defensor do papel fundamental da leitura, como forma de aprendizagem, atacou o populismo por dar “respostas simples a problemas complexos”.
Como exemplo, João Costa apontou os “tempos de novos radicalismos e intolerâncias” entre Israel e o Hamas, na faixa de Gaza. “Parece que o sangue de uns vale menos do que o sangue de outros, como se não estivéssemos sempre a falar de seres humanos que estão a perder a sua vida.” Condenou ainda o ataque à arte e à liberdade criativa.
“Isso acontece se recusarmos o tempo associado à leitura. Não há outra atividade que nos convoque à paragem, ao tempo do recolhimento e a sermos humanos”, garantiu o ministro. “Se a literatura e a arte são perseguidas, podem ser instrumento de promoção do discurso do ódio e de novos sectarismos”, avisou. “E a escola é a resposta para tudo isto. O grande objetivo do sistema educativo é saber fazer perguntas.”
A vereadora da Educação da Câmara Municipal de Óbidos, Margarida Reis, manifestou satisfação por se terem inscrito no seminário mais de 120 pessoas de todo o País e do Brasil. “Esta foi a melhor edição, em termos de adesão”, assegurou. “Estes dois dias têm muito valor pelo que partilhamos, socializamos e podemos dar uns aos outros”, lembrou. Além disso, “as atividades nas escolas duplicaram”.
A autarca reconheceu, no entanto, que a organização destes seminários é um risco. “Temos de oferecer um programa melhor todos os anos e que vá ao encontro das necessidades do dia-a-dia das pessoas”, explicou. Apelou, por isso, aos presentes a darem ideias e identificarem as dificuldades, para que o FOLIO de 2024 possa ser superior ao de 2023. “Quando terminamos o FOLIO Educa, começamos logo a pensar no próximo”, referiu.
Andreia Brites, subcomissária do Plano Nacional de Leitura, considerou que “a educação e a leitura são riscos para as autocracias, onde é muito arriscado ler, ilustrar, vender e emprestar livros”. Nesse sentido, disse que “não poder ler nos pode incapacitar”. Contudo, dirigindo-se à plateia, lembrou que “a aprendizagem está no erro, no risco, na queda” e sublinhou que o papel dos professores e dos educadores é “estar lá para ajudar”. Além disso, defendeu que é preciso serem “modelos de leitor” para os alunos e acompanhá-los no seu desenvolvimento. “Podemos arriscar todos juntos.”
Manuela Silva, coordenadora nacional da Rede de Bibliotecas Escolares, confirmou que o risco faz parte da vida. “Cruza-se e interseta-se com o nosso quotidiano, com a nossa existência”, afirmou. “Quando o José Pinho me apresentou o FOLIO, achei que era arrojado avançar com uma ideia destas”, confessou. “Esta é a oitava edição e a realidade tem superado as expectativas. Já se tornou um caminho obrigatório em outubro, já nos viciou e já fez história.”
“A paz, a liberdade de pensamento, os direitos humanos e própria democracia estão um pouco mais frágeis, pois vivemos tempos de incerteza”, disse Manuela Silva. “Mas estes riscos devem ser transformados em oportunidades. Para garantir a liberdade, a inclusão e a diversidade temos de nos suportar em valores humanistas. Para contrariar o lado obscuro do risco, nada melhor do que o saber e o conhecimento como um antídoto.”