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“Espero que isto seja provisório” foi a frase que Ricardo Araújo Pereira escolheu para inscrever no túmulo
Ricardo Araújo Pereira, humorista, afirmou ontem que, quando morrer, vai ter no túmulo a inscrição: “espero que isto seja provisório”. A resposta foi dada a uma pessoa da plateia, durante uma conversa sobre “Humor”, que decorreu no FÓLIO - Festival Literário Internacional de Óbidos, onde apresentou os dois últimos livros: “Coisa que não edifica nem destrói” e “O que é que eu estou aqui a fazer?”.
A pergunta surgiu após Ricardo Araújo Pereira ter referido “coisas surpreendentes” que são gravadas nas pedras tumulares. “Peço desculpa por não me levantar”; “isto não estava na minha agenda”; “isto é realmente uma grande chatice”; “that’s all folks!” [é tudo, pessoal]; “eu bem vos disse que estava doente”; ou “Jack Lemon in”.
Ainda a propósito da morte, o comediante lembrou a quantidade de vezes que esta “coincide” com o humor, no mesmo espaço e no mesmo tempo. “Há sempre alguém que conta uma anedota ou diz uma coisa engraçada. É difícil suportar aquele ambiente [funerais] sem uma ajuda”, justificou. “Há-de haver um dia em que somos nós, e outros amigos”.
“Sempre que sucede uma tragédia - e durante a pandemia isso foi muito claro - o primeiro impulso é dizer que é impossível fazer piadas com isso”, afirmou Ricardo Araújo Pereira. “Mas, depois, dizemos que é impossível não fazer uma piada para nos ajudar a lidar”, observou. Se assim não fosse, o humor teria estado suspenso dois anos.
Quando esteve no Vaticano, em junho deste ano, a convite do Papa Francisco, no dia em que se reuniu com mais de 100 humoristas de todo o mundo, o comediante contou que ficou surpreendido quando o Sumo Pontífice disse que se podia rir de Deus. “Se alguém, alguma vez, disse essa frase neste sítio não lhe deve ter acontecido nenhuma coisa saudável”, gracejou. “Nunca um Papa disse isto”, sublinhou.
Confrontado com a pergunta se devem existir limites no humor, Ricardo Araújo Pereira lembrou que “há sempre qualquer coisa sagrada para alguém”, com a qual não gosta que se brinque. E se alguns entendem que não se deve gozar com Jesus Cristo, exemplificou, outros consideram mais grave brincar com o Benfica, com a mãe ou com o mar. “Não há nenhum limite.”
“Mas, 800 anos depois, continua a haver pessoas que acham que se pode responder a uma piada, agredindo”, lamentou. “As pessoas acham que o dano físico incha, desincha e passa, só que também envolve dano psicológico”, lembrou, a propósito da agressão do Will Smith ao comediante Chris Rock, na cerimónia dos Óscares de 2022, após este ter feito uma piada sobre a mulher do ator, Jada Pinkett Smith, por ter a cabeça raspada, devido a uma doença.
O apresentador do programa “Isto é gozar com quem trabalha”, emitido aos domingos à noite, na SIC, partilhou ainda o nome da pessoa que faz disparar as audiências: “eu e a Manuela Ferreira Leite somos a maior dupla cómica desde o Bucha & Estica”.
Quanto à próxima temporada, revelou que vai ser dedicada ao riso das mulheres, usando o exemplo de Kamala Harris, candidata dos democratas à presidência dos Estados Unidos, e ao humor na medicina, tendo em conta a quantidade de piadas que há sobre médicos, e feitas pelos próprios clínicos.
Ricardo Araújo Pereira, humorista, afirmou ontem que, quando morrer, vai ter no túmulo a inscrição: “espero que isto seja provisório”, durante uma conversa sobre “Humor”, que decorreu no FÓLIO - Festival Literário Internacional de Óbidos.
Pedro Mexia não pôde estar presente, pelo que as notas introdutórias sobre os seus os dois últimos livros - “Coisa que não edifica nem destrói” e “O que é que eu estou aqui a fazer?” - foram asseguradas por Bárbara Bulhosa, editora da Tinta da China.