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Escritores moçambicanos premiados com residência artística em Óbidos
O Prémio Fundação Fernando Leite Couto foi entregue ontem, dia 14, aos escritores moçambicanos Gibson João José, 21 anos, e Óscar Manuel Fanheiro, 28 anos, durante uma sessão que decorreu na Casa da Música. Além da oferta da publicação do livro por parte da fundação, os jovens estão a frequentar uma residência artística na vila, oferecida pela Câmara Municipal de Óbidos (CMO), que entregou ainda 500 euros a cada um.
Em representação do escritor Mia Couto, o editor Zeferino Coelho justificou a atribuição do prémio a Gibson João José por ser um “exemplo feliz de quem sabe o que expressa e como fazê-lo”. “Trata-se de um livro marcado por uma apurada maturidade poética, que se enovela num modo discursivo a uma só voz, rico e sucinto”, referiu.
Em relação ao livro de Óscar Fanheiro, Zeferino Coelho disse que o júri considerou tratar-se de uma “escrita desconcertante, incisiva, na qual se misturam o chulo e o nobre, as metáforas mais ricas e a rudeza do vigor coloquial, o realismo sujo e algumas imagens sublimes, de uma inegável coerência estética”.
Os dois jovens escritores manifestaram reconhecimento à Fundação Fernando Leite Couto por dar oportunidade a jovens escritores de publicarem os seus livros, à Câmara do Comércio Portugal Moçambique (CCPM) por financiar a viagem entre Moçambique e Portugal, e ao Município de Óbidos, pela oferta de uma residência literária de um mês na vila e de 500 euros a cada um.
“Agradeço a Deus por este momento tão especial e à minha mãe, que foi muito importante para mim, pois sempre me comprou livros, apesar de não perceber nada de poesia”, afirmou Gibson João José. Elogiou ainda: “O FOLIO vai dar-nos oportunidade de ter contacto com outros autores de todos os pontos do mundo.”
Reconhecido pelo apoio da Fundação Fernando Leite Couto a “aspirantes a escritores”, em prosa e em poesia, da CCPM e da CMO, Óscar Fanheiro disse que tem sido uma “estada reconfortante e de aprendizado”, na vila literária, onde estão há uma semana. “Vamos levar para Moçambique tudo o que nós pudermos aprender em Óbidos e em Portugal, e isso vai fazer-nos crescer como pessoas e como escritores.”
Óscar Fanheiro agradeceu ainda a Deus, aos pais e à irmã falecida recentemente. “Sem ela, este trabalho não teria existido e não estaria aqui convosco, pelas nossas conversas sobre livros e literatura”, justificou. O jovem escritor confessou que “o livro foi construído num tempo conturbado” da sua vida. “Sentia-me isolado dentro da família e pela própria sociedade.”
“A gratidão é um sentimento muito importante e a obra da CMO, desde a década passada, é feita pelo humanismo, alicerçado pela Câmara do Comércio Portugal Moçambique (CCPM)”, afirmou Rui Moreira de Carvalho, presidente da CCMP. “Óbidos, a sua população e os seus dirigentes municipais muito têm feito pela região, por Portugal e pela CCPM”, acrescentou. Mas sublinhou ser fundamental contribuir para a divulgação das duas obras.
Filipe Daniel, presidente do município de Óbidos, acredita que os prémios atribuídos são o “reconhecimento de um trabalho intenso, difícil e de grande mérito dos dois jovens escritores moçambicanos, com imenso talento”. O autarca manifestou o desejo que a residência artística na vila constitua um marco nas suas vidas, ao serem “inspirados por este território fantástico”. Anunciou também que foram disponibilizados livros, para serem enviados para bibliotecas de Moçambique, pois “aquilo que muitos têm de mais faz muita diferença a quem nada tem.”