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Um robô “nunca poderá ser considerado um escritor”
“O que é que os algoritmos conseguem reproduzir em termos literários?” foi a questão lançada esta tarde a Pedro D’Alte, o orador convidado de Miguel Silvestre, diretor do Óbidos Parque, e que serviu de mote para o arranque da segunda mesa FOLIO Tec, subordinada ao tema “Inteligência Artificial e Poesia”, no Festival Literário Internacional de Óbidos.
Num diálogo sobre a criação artificial, em particular na Poesia, Pedro D’Alte, professor de Literatura em Macau e com percurso na área tecnológica, recuou ao surgimento dos robôs que, “do carater performativo, passaram, na década de 80, para a esfera da interatividade”. “Houve uma evolução quanto àquilo que se esperava. Deixaram de ser passivos. Nessa altura, percebemos que podem aparecer outras dinâmicas que anteriormente não tínhamos considerado”. Depois, “começou a entrar em cena a Inteligência Artificial (IA) que, pela primeira vez, tem a capacidade de aprender, se lhe dermos algum input”.
“O sistema linguístico é o garante de qualquer aplicação, neste momento”, disse Pedro D’Alte, para explicar a convergência entre as várias unidades da língua e a dimensão tecnológica. Já no que respeita às fronteiras entre a Literatura, a Cultura e a IA, Pedro D’Alte salientou que “o humano, a manter-se humano, será em última instância o grande consumidor de Cultura”. “Um algoritmo dificilmente terá essa capacidade e consciência”. Da mesma forma, um robô “nunca poderá ser considerado um escritor”.
“A Literatura é um ‘conceito’ cuja definição é impossível de ser feita porque se considera um conceito ‘em trânsito’, ou seja, depende do leitor e do contexto da interpretação”, salientou.
Nesta medida, “as potencialidades gerativas dos algoritmos, aos olhos da Literatura, ainda não estão muito trabalhadas. Há muitos debates ainda por fazer”.