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FOLIO abre portas a um futuro mais equitativo
Lia Correia, adjunta da secretária de Estado da Inclusão, disse, ontem, dia 13, que a criação de um dia dedicado à Inclusão no FOLIO – Festival Internacional de Literatura de Óbidos tem um “valor incalculável” e a faz acreditar num “futuro mais equitativo”.
“Há muito trabalho a fazer para aproximar a literatura dos públicos excluídos e é muito isso que o FOLIO representa”, afirmou Lia Correia, que esteve presente no Seminário “Vamos ler TODOS juntos,” em representação da secretária de Estado, Ana Sofia Antunes, que não pôde estar presente devido a “compromissos inadiáveis”.
A adjunta de Ana Sofia Antunes recorreu a dados provisórios do Instituto Nacional de Estatísticas, no âmbito do Censos 2021, para lembrar que das 10,3 milhões de pessoas a residir em Portugal, cerca de 980 têm mobilidade condicionada, 920 mil são cegas ou têm baixa visão, e cerca de 530 mil são surdas ou têm dificuldades auditivas. “Obviamente que os dados reais superam largamente os dados provisórios.”
Além desta “grande expressão numérica” das pessoas com deficiência, Lia Correia alertou que “o aumento das incapacidades será substancial”, deixando o seu caso como exemplo, por ter um problema físico, na sequência de um acidente, que a obriga a deslocar-se de cadeira de rodas.
“Portugal tem um longo trabalho feito no domínio da escrita simples”, salientou a adjunta da secretária de Estado, para o qual Célia Sousa, coordenadora do Centro de Recursos para a Inclusão Digital (CRID) da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leria, e os seus alunos têm dado um “importante contributo”. “Mas ainda temos um longo caminho a percorrer até podermos afirmar que a literatura é para todos, sem exclusão.”
A preparar-se para publicar o 13º livro multiformato com a chancela do CRID, Célia Sousa agradeceu à vereadora da Cultura, Margarida Reis, por a ter desafiado a criar um flyer acessível a todos, na edição do ano passado. “O FOLIO é um festival de grande importância, que recebe pessoas do mundo inteiro e esse foi o pontapé de saída”, destacou. Já este ano, a inclusão passou a ter uma importância ainda maior no evento, com a criação de um dia específico, que se assinalou ontem.
“Acho importante a sensibilidade que o município teve em se associar a esta temática”, sublinhou a curadora do FOLIO Inclusão. “Este movimento começa a gerar-se em Portugal e a passar para outros continentes. Achamos que é pouco e que nunca chega, mas são pequenas ações como esta que vão fazer a diferença.” Otimista em relação à importância que será dada à inclusão no futuro, acredita que, no próximo ano, vai nascer a rede de festivais inclusivos e, daqui a dois ou três anos, “possivelmente vão nascer festivais para todos”.
Margarida Reis manifestou satisfação por tanto os alunos do Instituto Politécnico de Leiria, como os animadores de Óbidos estarem “mais despertos para esta temática”. “É um dia no meio de tantos que temos no ano, mas com certeza vai ficar na memória de todos nós”, defendeu a autarca.
“Temos feito um caminho, não é tão rápido como gostava, mas se dermos passos pequenos vamos construir um espaço melhor”, disse a vereadora da Cultura. “Temos de ter um olhar diferente para a diferença, para que seja encarada com normalidade. Estamos a falar de transformações físicas de edifícios e de transformação de mentalidades”, revelou. “Queremos que os eventos sejam para todos. Se estivermos todos de mãos dadas, vamos construir um mundo muito diferente.”