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“O risco de não arriscar é o risco de não lutarmos por aquilo em que acreditamos”
A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, afirmou, ao final da tarde de ontem, dia 16, que “o risco de não arriscar é o risco de não lutarmos por aquilo em que acreditamos”, durante uma sessão do FOLIO sobre “O risco de arriscar”, que decorreu no Museu Abílio Mattos e Silva, em Óbidos.
“O risco de não arriscar é não sermos felizes e não fazermos aquilo que nos realiza”, acrescentou Ana Abrunhosa. Dando o seu caso pessoal como exemplo, explicou que, quando assumiu funções como presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, a filha tinha um mês e foi o pai quem cuidou dela. A governante disse que a família entendeu sempre as suas ausências e assumiu que nunca foi a uma festa de Natal da filha. “Não me senti culpada, porque sabia que seria melhor mãe e melhor esposa se me sentisse realizada.”
“Quando jogamos para o empate, acabamos por perder. A vida é como um jogo”, observou Margarida Reis, vereadora da Cultura e da Educação da Câmara Municipal de Óbidos. “Arriscar deve ser a palavra de ordem e foi isso que pautou a minha vida”, garantiu. “Se estivermos de consciência tranquila, arriscarmos e formos bem-sucedidos é a melhor forma de estar na vida.”
Margarida Reis confirmou que é difícil ser mãe, mulher e autarca em simultâneo e que, quando se reunia com a família à noite, a expectativa era que o dia seguinte seria diferente, o que não acontecia. “O nosso sucesso é o sucesso dos outros e, muitas vezes, as pessoas não percebem isso. É um caminho que se vai fazendo. Precisamos dos outros para arriscar”, sublinhou.
Diná Azevedo, comandante da Base Aérea nº 6, no Montijo, e piloto da NATO, explicou que o primeiro risco foi entrar na Força Aérea e confessou que já passou por várias situações de risco diferentes, mas esclareceu que o treino prepara os militares para ser um “risco calculado”. “Temos de ter consciência de que o risco tem sempre consequências e de ter a coragem, a humildade e a sensatez, que permitem que esse risco não seja demasiado.”
“A família percebe o risco em que vivemos e é também uma aprendizagem para os nossos filhos, que olham para nós como um exemplo”, defendeu Diná Azevedo. “O que me completa é chegar a casa todos os dias e sentir que vale a pena. Dá-nos uma realização profissional e pessoal, e sentimo-nos felizes por sermos úteis à sociedade e ao país.”
Embora Ana Abrunhosa tenha admitido que teria a vida mais facilitada se fosse homem e Margarida Reis confirmado que os homens ainda questionam quando é uma mulher a chefiar, Diná Azevedo disse que o mundo mudou muito nos últimos anos, pelo que as mulheres se sentem atraídas pela carreira militar, pois permite-lhes atingir cargos de topo.
“Somos uma sociedade com muitos preconceitos. Não respeitamos as escolhas das pessoas e temos medo do diferente”, lamentou a ministra. “Temos muitos conceitos que nos levam a fazer leituras erradas, como dizer que os políticos são todos iguais”, exemplificou. “Tive ilusões de que, depois da pandemia, podíamos ser mais generosos, mas não. Estamos mais intolerantes.”
[caption id="attachment_36522" align="alignnone" width="2500"] FOLIO 2023 - (Conversa: O risco em arriscar)[/caption]